FILOMENA CABRAL       



Principais Elementos Biobibliográficos

Nasceu no Porto.

Poeta, ficcionista e jornalista, dedicou-se à tradução (em Luanda, onde viveu, anos 60/70). Foi colaboradora da F.A.O.

De novo em Portugal (1972), viria a publicar o primeiro livro em 1976, estreando-se no jornalismo cultural em 1982 ("O Primeiro de Janeiro"). N"O Comércio do Porto", foi editora de uma página cultural, 1984/86; simultaneamente, n"O Jornal de Letras" (recensão, entrevista, reportagem de eventos culturais no estrangeiro, 1982/90); no Suplemento literário d"O Diário de Lisboa" publicou duas séries de contos, entre 1986/90, com o fecho do jornal. N"O Jornal de Notícias", na página Cultura e no "Notícias Magazine", 1992/95, recensão semanal incidente em mais de uma centena de autores de língua portuguesa (port., afr., bras.); idem em "Letras & Letras".

No Brasil, n "O Estado de S. Paulo", recensão e ensaio, "Suplemento de Sábado".

Actualmente, assina "Entre Livros", abordando temas literários e outros, no "site" da Unicepe - www.unicepe.pt

Na RTP, rubricas de temática cultural, na programação da manhã, 90/92; entrevistada pela RTP, por Fátima Campos Ferreira, "30 minutos com Filomena Cabral", 1990;

Entre outras, para RTPInt., 2: e RTP/África por Raquel Santos, "Entre Nós", Universidade Aberta, transmitida em 27 de Maio de 2004;

Foi membro da Direcção da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Intervenções de momento:
realizou as seguintes performances: "Muxima", na IV Bienal de Vila Nova de Cerveira, "A Veste e a Sombra", com que encerrou os 2.ºs Encontros de Poesia de Vila Viçosa e "Elegia para um Corpo Adormecido" - Homenagem a Florbela Espanca, no Porto, 1986.

- Está representada na "Antologia Galega de Poesia" (1984), na colectânea de poesia "A Ilha dos Amores" (1984), em "Rosalírica", antologia de poetas portugueses publicada em 1985; ainda na Antologia do conto "Fantástico no Feminino" (1985, ed. Rolim), em "Rio Interior", selecção de poesia de autores portugueses (1986) e "Anthologie des Rencontres Poétiques Internationales", na Suiça, em 1986.

- Mais recentemente, nos "Cadernos de Serrúbia", da Fundação Eugénio de Andrade (2003). E Antologia comemorativa do 25 de Abril (30 anos), em Abril de 2004. Em 2001, participou no Encontro Ibero-americano de Jornalismo Cultural, na cidade do Porto.

- Foi co-fundadora da revista "Serpente", editada em 1983.

Na Europa, participou nos seguintes eventos culturais:

- Encontros Internacionais de Poesia de Yverdon (Suiça) e Strugga (Jugoslávia), em 1986; entre outros, no I Congresso Internacional de Literaturas Lusófonas (1991) e Simpósio Internacional Mulher e Cultura (1992), em Santiago de Compostela. Bienal Internacional de Frankfurt, 1997.

No Brasil, participou nas Bienais Internacionais de S. Paulo (90, 92, 94, 96, 2000, 2002); nas Bienais Internacionais do Livro do Rio de Janeiro (90 e 93); Feira Internacional de Cultura de Brasília, 1994.

No Brasil, participação em Congressos (entre eles, I Encontro de Centros de Estudos Portugueses do Brasil (1993), organizado pela Universidade de S. Paulo (USP); idem, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), em 1994, idem na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Simpósio sobre a obra de Mário de Sá-Carneiro; I Congresso de Literaturas Americanas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 1993; Congresso de Língua e Literatura Portuguesa, pela Universidade Estadual de S. Paulo (UNESP), Assis; vários, na UNICAMP (Campinas, Universidade Federal de Campinas), entre 92 e 2002. Mais recentemente, no I Encontro Internacional de Linguística (2008), em Assis/Brasil.


Palestras para Corpo Docente e Pós-graduação:

- Pontifícia Universidade Católica (PUC), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de S. Paulo (UNESP): Assis, S. José de Rio Preto, Araraquara; Universidade Federal de Campinas (UNICAMP), todas durante o ano de 1992;

- Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo (PUC); Universidade de S. Paulo (USP), UNESP, UNICAMP, novamente, e em várias universidades particulares: "Universidade de S. Judas", entre outras; "Universidade de Guarulhos" (Faculdades Integradas); todas as actividades em 1994;

- Universidade de Brasília (UB); UNESP; UNICAMP; USP, todas em 1996;

- Universidade de S. Paulo (USP) e UNESP, de novo, também em 1996;

- Universidade de S. Paulo (USP) e UNESP (S. José de Rio Preto e Araraquara) "Biblioteca Municipal de S. Paulo" (durante as Comemorações da Descoberta) a convite da Secretaria de Estado da Educação de S. Paulo, todas em 1998.

- Universidade Estadual de S. Paulo (UNESP), Marília, em 2000;

- Universidade de S. Paulo (USP), Literaturas Comparadas; Universidade Federal de Pernambuco (UFP), Recife; UNESP (Marília), em 2002.

Da «crítica» ainda:

“Tendo começado por publicar poesia (...) 1976, em Filomena Cabral, a partir de 1981, é a criação ficcional que predomina. Depois sobretudo do romance “Tarde de mais Mariana” (1985), revela-se uma constante fusão poesia-prosa, moldada numa escrita de certo modo experimental lírico dramática, por vezes grandíloqua, de instantes de uma memória labiríntica, com frequentes reminiscências africanas, derivadas da sua experiência de vida em Angola nos anos 60-70. F. C. cultiva desde então, predominantemente, a expressão narcisística dum “sentimento de perda” (...) com deambulações ensaísticas memorialismo histórico social, confessionalismo diarístico. Todos estes elementos se manifestam plenamente em “A noite transfigurada” . (...) Desde o início, revela-se a não menos obsessiva intertextualidade com Raul Brandão. “Os fantasmas tornam-se audíveis” a exemplo da frase inicial de Húmus: “Ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste”. Este “exercício nas trevas” é uma labiríntica evocação do homem amado e da sua morte na sequência da guerra colonial (...). À memória dessa guerra vem juntar-se uma outra, histórias pavorosas do holocausto dos judeus, conhecidas através de uma personagem, (extremamente bem conseguida, note-se, Sara Stein, jovem judia alemã, filha de refugiados (...).
De A noite transfigurada fica-nos principalmente uma interrogação sobre a escrita na sua relação com a morte, visível desde o início: “As palavras colam-se-nos como uma segunda pele, como a morte usa; aliás a escrita é um ofício de morte”. Interrogação que nos leva a descobrir, entre a literatura (Raul Brandão sobretudo) e a música (sobretudo a obra de Schonberg, que dá o título ao romance), os sortilégios de uma noite por ela admiravelmente transfigurada.”

Álvaro Manuel Machado, (UL) in “Entre Brandão e Schonberg” Actual@expresso.pt, 2006

“Desta feita, a escritora, com lugar importantíssimo na Literatura, apresenta-nos este Díptico (...) extremamente bem conjugada a História com a ficção, incidente em Portugal, Espanha, Brasil, Europa; América, nos séculos XVII/XVIII (Ouro) e XIX/XX (Viagem), predominantes as relações políticas e financeiras. Representa a obra pesquisa espantosa nestes romances historiográficos onde o passado é resgatado e reinventado do ângulo do excluído, que não participara na história oficial nem nela entrara (...) Agradeço à autora ter-se debruçado com tanta paixão sobre a memória dos nossos países, o nosso entrelaçamento. Sinto-me feliz por contribuir com o meu testemunho, no lançamento da obra, em Portugal.”

Nelly Novaes Coelho, Professora jubilada da Universidade de S. Paulo (USP), durante a sessão de lançamento do livro no Porto em Junho de 2000

“Com os romances de “Brasil. Díptico”, a escritora portuguesa, já conhecida entre nós por outros livros de ficção, procura desvendar mistérios das relações entre os dois povos. Sagas de famílias que cruzam o Atlântico para fazer a América, tempos que se entrecruzam. Filomena Cabral não cai na conversa fiada de que a vulgaridade é o caminho mais fácil para o relacionamento. Falamos de nações, de estruturas altamente complexas. Nossa maior riqueza é a nossa língua e capacidade de reflexão, mas isso nunca é fácil”.

Ana Maria Ciccacio, in O Estado de S. Paulo (JT), 2000

“Mar Salgado surge na sequência de um ; a autora, apoiada em dados concretos, históricos, liga gerações numa complexa teia de relacionamentos: bandeirantes e sertanejos edificando um país portentoso. História e Ficção, apesar da profunda intensidade reflexiva da autora, ou talvez por essa razão, acabam sempre por nos esclarecer e nos ensinar a epopeia de um povo que uma língua comum uniu e projectou. Portugal no Brasil, Portugal em Angola, em África, uma sequência lógica do tríptico completado poMar Salgado. Os portugueses de Pernambuco atravessam novamente o Atlântico e vêm edificar Moçâmedes. Aqui a trilogia afro- luso-brasileira consubstancia-se para nos oferecer um panorama esclarecedor (...). A acção demonstra um conhecimento profundo da realidade vivencial da colónia, nas palavras de Filomena Cabral que discorre, narrando, com perspicácia e profunda cogitação, sobre fenómenos vivenciais, a quase dicotómica situação do anseio autonómico das naturais da terra – os africanos – e também a justa ilusão dos portugueses (...) Mar Salgado apresenta-nos a simbiose da romance e da história, o poder fundamental do romancista, a penetração psicológica (...)”.

António Pedro Vicente, Universidade de Lisboa (UL), durante a apresentação do livro, na mesma cidade, 12 de Março de 2002

“Filomena Cabral é mais que uma escritora portuguesa, uma escritora da língua portuguesa, uma escritora da lusofonia. Portugal, Brasil, África são geografias privilegiadas, cenários de eleição. Com obra inventiva e vasta, nesta sua fase mais recente, a escritora recorre à tradição literária, e aos seus processos narrativos, para compor a grande saga (não só de portugueses) a que chamou a Trilogia do Mar, reveladora do parentesco com a grande tradição narrativa de língua portuguesa. Depois de Ouro e Viagem, o Díptico, em Mar Salgado, nos temas ou motivos, rapidamente descortinamos a viagem, o desconhecido, o exótico, a aventura, a emigração, a fixação ou inserção do viajante-emigrante, o desejo de riqueza, a saudade, a coragem, a determinação... No processo ficcional destaca-se a fusão da História com ficção, ou não bem a fusão, antes a reconstrução de uma história ao mesmo tempo real e imaginada pela força extraordinária da ficção.
Mar Salgado é um livro que deve falar muito próximo dos corações dos brasileiros e particularmente dos pernambucanos, Pernambuco aparece no livro desde a folha de rosto, compondo uma espécie de subtítulo (...) o recife na exacta metade do século XIX, no bairro de S. José, da Rua da Praia, da Revolução Praieira, constitui um dos seus momentos fundadores e um dos seus motivos líricos nas reminiscências de algumas personagens. (...)
O romance, rico com é, pode ser estudado desde várias perspectivas, desde a temática das viagens, da emigração e da aventura, às relações com a História: sendo um romance da autora portuguesa e estando Portugal e portugueses no centro da intriga histórico-romanesca, implica também o Brasil e África, a cujas literaturas não pode passar indiferente. Estudiosos do fenómeno literário nesses países encontrarão em Mar Salgado um território de interesse comum, o das relações históricas, étnicas e linguísticas estabelecidas entre estes povos e culturas, a partir do qual poderão exercitar várias perspectivas de análise (...) Mar Salgado veio a ser o grande e inadiável motivo da vinda da Autora ao Recife. Afinal, a cidade está no seu romance. Ainda bem, Filomena, que o escreveu.”

José Rodrigues de Paiva, Universidade Federal de Pernambuco, Olinda, 27 de Abril de 2002, durante a apresentação da obra e da autora, por motivo da sua palestra.
“Filomena Cabral nasceu no Porto, passou período importante da sua vida em Angola e apresenta distinções conferidas por várias instituições brasileiras (...). Não por acaso, é Mar Salgado uma evocação das persistentes ligações históricas entre os nossos três países e ganha a sua actualidade como reflexão pós-colonial e agora pós-guerra civil.

Jorge P. Pires, Ler, Verão 2002

“Vasto panorama histórico social, de grande densidade ficcional, o leitor cedo se familiariza com uma característica da ficcionista, o discurso ensaístico. Mar Salgado põe em relevo a saga de famílias brasileiras expulsas de Pernambuco, saliente-se o estudo dos portugueses emigrados do Brasil para Angola, no século XIX. O aspecto dramático vai-se adensando, na medida em que a romancista destaca a situação dos colonizadores; Mar Salgado contempla incontáveis episódios, explora situações extremas, circunstâncias dramáticas e contraditórias. Entre tópicos historiográficos, Filomena Cabral recorda o corte de relações do Brasil com Portugal em 1893, graças a Floriano Peixoto e a ida para Lisboa das corvetas ‘Mindelo’ e ‘Afonso de Albuquerque’, onde os revoltosos lograram asilo (...). A obra retrata o drama de famílias estilhaçadas, a destruição catastrófica das cidades angolanas pelas guerras, o domínio da razão nacionalista.”Fábio Lucas, Universidade de S. Paulo (USP), “A ficção Portuguesa após o 25 de Abril”, in O Primeiro de Janeiro, 4 de Outubro de 2004

“Com honrosíssimas referências de pessoas destacadas da nossa Cultura, Filomena Cabral tem-se dedicado nos últimos anos ao romance histórico. Oklahoma Blue, livro sobre uma família do Norte, retrata o ambiente histórico de Portugal do Estado Novo e sobretudo dos anos 30/40 e acompanha a importância que a guerra teve na sociedade portuguesa.
Por circunstâncias da narrativa, assiste-se à ascendência da hegemonia duma nova família da geração dos bastardos: saem da marginalidade para poderem ocupar o centro do poder e da História.
A intriga é acompanhada de uma muito rigorosa e exaustiva caracterização psicológica das personagens, representando grande investimento, elas agem pelas percepções, realidades, inquietações, subjectividade e interrogação sobre os valores da época. A família Álamo (que gerara a bastardia) exibe bagagem cultural, sobretudo alemã, que vai decair com o final da guerra. A atracção/repulsa pelas personagens é evidente.
Representando grande rigor histórico, no contexto nacional e internacional, o livro constitui grande investimento na história dos EUA, e evidencia a grande vitalidade literária da Autora. Oklahoma Blue é uma metáfora de Portugal, na primeira metade do Séc. XX.”

Fernando Rosas (UL), durante a apresentação do livro em Lisboa, em Julho de 2005

“Filomena Cabral é certamente uma das vozes mais autênticas daquilo a que se chama Lusofonia. Admira-se-lhe a verbe, o estilo, o recorte e densidade da prosa – mas, a bem dizer, tudo isso poderia existir e ser igualmente admirável sem um objectivo claro, um rumo definido, um tema persistente, um norte. Ora estamos perante o caso inverso: Oklahoma Blue (...) resulta de um aturado e moroso processo de investigação sobre história (e, já agora, o destino) comum de portugueses, africanos e brasileiros (...). Escreve a autora: denominei o ciclo americano pela temática historiográfica nele contida, resultante da revolução de mentalidades que atingira pujança transformadora nos Estados Unidos da América. Anterior à Revolução Francesa, a Revolução Americana – primeira rebelião colonial dos tempos modernos – marcou o início de um grande movimento perturbador de todo o Ocidente, entre 1770 e 1850 (...). Este livro de Filomena Cabral é um resgate da memória frente ao esquecimento.”

Jorge P. Pires, in Revista “Ler”, Verão de 2006



Sobre os anteriores: “Tarde de mais Mariana” é uma contrapartida do romance (…) de Bernardim, hoje, numa época de experiência e de autoconsciência da mulher (…) O livro traz mais um inesquecível timbre à ficção portuguesa de autoria e radicação feminina. Continue, Filomena Cabral: este livro testemunha uma densidade que dificilmente se esgotará”.

Óscar Lopes (UP)

“(…) No seu livro “Tarde de mais Mariana”, a autora ausenta-se da tradicional literatura feminina, que é um rebuçado de ovos dos conventos de clarissas ou é uma apologia do amor para senhores velhos, com verdes amostras de libido(…)”

Agustina Bessa-Luís (Prefácio da 2ª edição)

“Representará por isso este livro (Os Anjos Andam Nus) um dos caminhos possíveis que se abre para uma ficção que há-de envolver com a ambiguidade da escrita poética aquilo que, a partir dessa ambiguidade, constitui a própria encenação do texto”.

Fernando Guimarães

“Filomena Cabral (em Elegia para um Corpo Adormecido) revela-se capaz de convocar uma linguagem plena de potencialidades poéticas e de manuseá-la difusamente, através de um imaginário com o seu quê de trágico e sumptuoso (…)”

Isabel Pires de Lima (UP) in “Colóquio Letras”

O menos que pode dizer-se é estarmos perante um notável achado de concepção romanesca (Maldamor) nome que evidentemente cita (e reconverte) o de Maldoror dos Cantos de Isidore Ducasse (…)”

Óscar Lopes (UP), durante apresentação do livro

“Ler o novo romance de Filomena Cabral (Maldamor) supõe uma atitude liminar: a predisposição sem reservas para todo um jogo de cumplicidades e entusiasmos, para o abandono ao furor da inteligência e do engenho. Demarcando-se de percursos ficcionais dominantes, reformula os protocolos da escrita e da leitura (…) Tornam-se evidentes a singularidade e a complexidade, engenhosas e fulminantes, do trabalho romanesco de Filomena Cabral (…)”

Luís Adriano Carlos (UP), in Jornal de Notícias, Porto

Amatus: nunca talvez como neste belo texto poemático, Filomena Cabral tenha ido tão longe na expressão da fugacidade do tempo (…) através de sucessivos espelhos em que o real e o irreal se confundem, o vivido e o escrito em estado de permanente tensão (…)”

David Mourão-Ferreira, durante apresentação do livro, no “Clube dos Jornalistas”, Lisboa.

“Filomena Cabral é dona de uma linguagem nova. A poesia em prosa de Amatus lembra as maravilhas da melhor Clarice Lispector (…) As sete epístolas de ‘Amatus’ são ensaios (ou meditações) sobre o amor e a condição humana, curtos, amáveis e imprevistos”.

Luiz Carlos Lisboa, in “O Estado de S. Paulo”, Brasil

“Em Obsidiana, encontram-se as características comuns a dois romances anteriores (…), a pluralidade, a plurilocalidade e a pluricontemporalidade das histórias (…). Trata-se da confirmação da vigência em Portugal de um romance de mundivivência feminina, que começou a afirmar-se, com alto nível, na segunda metade deste século (…)”.

Óscar Lopes (UP), durante apresentação do livro, no Porto

“Romance final de um ciclo (iniciado com “Tarde de mais Mariana”), em Prantos (…) as figuras masculinas acabam como presas das mulheres atormentadas, sombras shakespeareanas (…), nas múltiplas e estranhas ressonâncias de uma casa onde (como na Casa de Bernarda Alba, de Lorca) ladra por todos os lados o “cão do desejo” feminino (…)”

Óscar Lopes (UP), durante apresentação do livro, no Porto (Delegação Cultura/Norte)

“Há em Madrigal uma dialéctica entre progresso e regresso que se acrescenta a cada tempo, como em Walter Benjamin que, aliás, é aqui muito importante (…). Toda a parte final do livro é uma reflexão sobre a História (…) Ficamos perante uma obra de meditação que levanta uma série de problemas actuais que nos atingem a todos. Este livro inicia uma fase completamente nova”.

Óscar Lopes (UP), durante apresentação do livro, no Porto

“Instigante, perturbadora, labiríntica, a ficção de Filomena Cabral afirma a mundivivência feminina, através do recurso ao lúdico, ao onírico. Numa escrita, para a qual conflui a experiência do ensaio e da poesia, a autora põe a nu os meandros do romance, desmontando-o e montando-o aos olhos do leitor”

Álvaro Cardoso Gomes (Universidade de S. Paulo, USP), in a Literatura Portuguesa em Perspectiva (Direcção de Massaud Moisés)

“ Em Um Amor Cortês, preocupações ultracontemporâneas como o destino de Portugal em consequência da unificação europeia, entremeiam-se à urdidura narrativa, com um vigor politico, raramente visto nos últimos anos”.

Ana Maria Ciccacio, in “Jornal da Tarde”, S. Paulo/Brasil

“Um Amor Cortês, a meio caminho entre o ensaio e o romance, incorpora-se num filão da actual literatura portuguesa, que se fixa num Portugal mitificado do passado – o da verdadeira portugalidade hoje em ruínas – que apenas a phala portuguesa poderá restaurar”.

Isabel Pires de Lima (UP), no lançamento do livro, no Porto

“Um Amor Cortês” pretende demonstrar que amaior conquista lusitana foi a expansão da língua portuguesa”.

Daniela Sousa e Silva , in “Correio Braziliense”, Brasília, Brasil

“É no romance que encerra a “trilogia da ilusão”, “Um Amor Cortês”, que essa arte polimórfica/polifónica, de Filomena Cabral, atinge seu maior virtuosismo, seja no domínio da palavra como “fundadora do mundo”, seja na fusão dos géneros literários”.

Nelly Novaes Coelho (USP) Brasil

“Desde que compareceu à cena da ficção portuguesa (em 1981), Filomena Cabral nunca deixou de fustigar a curiosidade romanesca do leitor lusitano com a ousadia e a liberdade através das quais construiu sua respeitável obra em prosa. A tais qualidades junte-se o notável talento poético, capaz de conferir a seus textos ritmos e densidades extraordinários (…)”.

Hakira Osakabe, Universidade de Campinas, Brasil

“Num romance repleto de erudição a escritora portuguesa faz projecção sobre o futuro do seu país no século 22 (…) A fusão da história, mito e ensaio – fórmula consagrada pela escritora em livros anteriores, encontra-se “Em Demanda da Europa”, carregado de reflexão histórica e de teorias jocosas a respeito da “experiência portuguesa”, a viagem do criador de cabras metaforiza a complexidade do processo contemporâneo vivido por toda a Península Ibérica. Filomena Cabral é voz oportuna, por destoar do coro em uníssono (…)”.

Ana Maria Ciccacio , “Suplemento de Sábado”, (JT), S. Paulo, Brasil

“(…) ao longo dessa viagem pelo mundo do lúdico, contaminado pelo académico, vemos realizar-se também a experiência intertextual, pois o narrador dialoga com – incorporando-as – as falas dos trovadores, de Camões, de Vieira, etc. Nesse caso, cria-se também uma irmandade de vozes literárias do passado e do presente, voltadas para um projecto comum, o da revitalização e manutenção do bem comum, a língua (…) Lembrando Octavio Paz, a autora, em vez de servir-se da língua, torna-se serva da língua, que reverencia e procura revitalizar, trabalhando nuances, modelações, revelando sua irmandade de falares, ou mesmo retirando do limbo e trazendo à luz palavras e construções sintácticas olvidadas.”
Filomena Cabral visita com desenvoltura a fábula, a lenda, o mito, com a intenção de mostrar que tais categorias é que vão alimentar a História, e constituir em simultâneo o sedimento da nacionalidade ou da memória colectiva. A ficcionalização da linguagem é tão importante quanto a ficcionalização de mitos tradicionais”.

Álvaro Cardoso Gomes, (USP), in “O Estado de S. Paulo” – ‘Um Amor Cortês” é um romance enciclopédico’ (frag.)

“Situando a escritora na tradição literária portuguesa, percebe-se que Filomena Cabral inaugura uma poética singular (…) Em seus textos a ironia cede lugar ao humor, conforme mostrou Lélia Parreira Duarte (Pontifícia Universidade Católica (PUC), Belo Horizonte/Brasil). Esse aspecto, modificador de uma visão do mundo, é responsável pela construção de um universo fictício (…). Diante da precariedade da existência e do amor, a visão da autora é marcada por uma linguagem que ao mesmo tempo fala da dor e do triunfo sobre ela (…)”.

Haydée Ribeiro Coelho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) , Brasil, in “A poética de Filomena Cabral: encenação do amor e da escrita” (frag.)

Bibliografia:

Poesia

      "Sol Intermitente". Porto. Inova. 1976.
      "Poemas do Amor e da Morte". Porto. Brasília Editora. 1977.
      "Muxima". Porto. Brasília Editora. 1979.
      "Iluminuras". Lisboa. Átrio. 1987.

Ficção

      "Staccato" (novela). Porto. Brasília Editora. 1981.
      "Os Anjos andam Nus". Lisboa. Ulmeiro. 1985.
      "Um Homem de Sonho" (novela). Lisboa. Rolim. 1986.

      Tetralogia da Ausência

      "Tarde de mais Mariana" (romance). Prémio I Centenário do BB&I. Porto. Edições Afrontamento. 1985; 2.ª. ed. 1986.
      "Maldamor" (romance). Lisboa. Europa-América. 1986.
      "Obsidiana" (romance). Lisboa. Europa-América. 1988.
      "Prantos" (romance). Prémio Eça de Queirós, 1ª. menção, Câmara Municipal de Lisboa; Lisboa. Difel. 1992.

      Trilogia do Desvario

      "Elegia para um Corpo Adormecido". Porto. Edições Afrontamento. 1988.
      "Amatus". Porto. Edições Afrontamento. 1990.
      "Finale". Porto. Edições Afrontamento. 1992.

      Trilogia da Ilusão

      "Madrigal" (romance). Prémio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), S. Paulo, Brasil. Lisboa. Difel. 1993.
      "Angola, no entretanto do tempo, Urila-o-Kimbi" (romance). Lisboa. Difel. 1994.
      "Um Amor Cortês" (romance). Porto. Campo das Letras. 1996; Brasil, Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 1997.
      "Em demanda da Europa" (romance). Porto. Campo das Letras. 1997.
      "O grito da Garça" (teatro). Porto. Campo das Letras. 2001.

      Trilogia do Mar

      "Ouro. Honor, Corsários, Ilusiones" (romance). Lisboa. Difel. 2000.
      "Viagem. Memória e Sertão" (romance). Lisboa. Difel. 2000 (formam Brasil, Díptico, constam da biblioteca e arquivo de American Biographical Institute).
      "Mar Salgado" (romance). Lisboa. Difel. 2002.

      "Oklahoma Blue" (romance). Porto. Campo das Letras. Março 2005.
      "Ornato Cantabile" (romance). Fólio Edições. 2007
      (Os cinco 5 romances historiográficos acima constituem o Ciclo Americano, sobre a formação das "Europas" fora da Europa)

      Trilogia da Perda

      "A Noite Transfigurada"( romance). Edições Afrontamento. 2006
      "Vertigem" (romance). Editorial Teorema (Leya). 2009
      "Ardor Selvagem" (romance), em 2010

      "Os Pavões de Gori" (romance), Editorial Teorema (Leya). 2010
      "Comédia dos Vivos e dos Mortos" - Corvos e Jacarandás (a publicar em 2012, e a incorporar o Ciclo Americano, será o último livro do ciclo)
      "Poemas do Declínio"( para publicação), idem
      " As Suicidas", peça de teatro

Distinções no Brasil:

      Em 1994, Prémio Especial de Literatura Portuguesa, pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA); também em 1994, Diploma de Mérito Cultural, pela Câmara Brasileira do Livro, Brasília. Integra a Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes, em São Paulo.

Distinções nos Estados Unidos da América:

      Em 2001, nomeada Mulher do Ano, por The American Biographical and Research Institute, North Carolina.
      Em 2002, World Citizen 2002, idem.
      Em 2003, International Peace Prize, pela The United Cultural Convention of the United States of America (organização internacional e multicultural sediada no EUA).
      Em 2006, Master Diploma Honoris Causa, pela World Academy of Letters, também nos EUA.

Dissertações sobre a Obra, no BRASIL

      - Tese de Mestrado, de Rita de Cássia Caparroz Belmudes. Dissertação apresentada ao Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas - Área de Literatura Portuguesa da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Sociais da Universidade de São Paulo (USP), para obtenção do título de mestre, sob a orientação da Profª. Drª. Nelly Novaes Coelho.

      Incide nos romances que constituem a "Tetralogia da Ausência" e intitula-se "O Escavar da Memória como Técnica Narrativa na Ficção de Filomena Cabral"; 1999.

      - Tese de Doutoramento, de Telma Aparecida Mafra, 2007, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa Contemporânea da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo, sob orientação da Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi. Incide na "Tetralogia da Ausência" (Ciclo Requiem), mormente em "Tarde de maias Mariana (o primeiro romance) e intitula-se MARIAS E MARIANAS: relatos de coragem e concentra-se na análise da problematização que as autoras de Novas Cartas Portuguesas, Tanta Gente Mariana e Tarde de mais Mariana fazem acerca da condição feminina.

Em Preparação:

      - Tese de Doutoramento incidente em Mar Salgado (Trilogia do Mar), área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, também na Universidade de São Paulo.

Vários:
      - Entrevistada por diversas vezes pelos maiores jornais brasileiros, também a crítica especializada se tem debruçado para a sua obra.
      - Entrevistada pelas TV Globo, TV Manchete, CBS, TV Mulher e, por várias vezes também, pela TV Cultura, em S. Paulo, para o programa "Metrópolis", a mais recente em 2002, com uma hora de duração, a propósito da "Trilogia do Mar". Em 2008, foi feita nova gravação, no âmbito do "Ciclo Americano".
Destaque:

      Texto do Prof. Dr. Hakira Osakabe, em «A Folha», sobre MADRIGAL, em 1993;
      Texto do Prof. Dr. Álvaro Cardoso Gomes, em « O Estado de S. Paulo» , sobre UM AMOR CORTÊS, em 1996;
      Texto do Prof. Dr. Benjamim Abdala, em " A Folha", sobre EM DEMANDA DA EUROPA, em 1997;
      Textos de Ana Maria Cicaccio, no Suplemento de Sábado, «O Estado de S.Paulo», sobre Brasil. Díptico (OURO e VIAGEM), (2000) UM AMOR CORTÊS, 1996, EM DEMANDA DA EUROPA, 1997.
      Entrevista da Profª. Drª Ana Maria Gottardi, no conjunto da obra, para a revista ESTUDOS, Unesp, em 2007;
      Ensaio da Profª. Drª.Nelly Novaes Coelho, FILOMENA CABRAL, UMA VOZ CONTEMPORÂNEA ; (1)
      Idem, do Prof. Dr. Álvaro Manuel Machado, VERTIGEM OU A INTELIGENCIA DO DESEJO, em Filomena Cabral ; (2)
      Idem, da Profª. Drª. Telma Mafra, O GRITO DA GARÇA (3)
      Idem, do Prof. Dr. Francisco Ribeiro da Silva, ORNATO CANTABILE; (4)
      Idem, do Prof. António Pedro Vicente, MAR SALGADO (5)

(1) (2) (3) (4) (5) Podem ser lidos em www.unicepe.pt «entre livros».







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