Espaço Associados



Nota da Direcção:

Em tempos, a Revista "Contraste" da Associação de Estudantes da Faculdade de Economia do Porto pediu uma colaboração ao nosso associado António Ruivo Mouzinho, ao que ele rapidamente correspondeu.

Devido a mudança da Direcção da AE, o texto não chegou a ser publicado naquela Revista. Agora, que terminámos a 1ª experiência de ensino da língua russa (a continuar em Outubro), pelo nosso associado Vladimir Afonin, e que em breve teremos um curso intensivo de Esperanto, pelo nosso amigo Miguel Boieiro, colocamos à disposição de todos este excepcional trabalho Traduttore traditore.

(António Ruivo Mouzinho é o Coordenador e autor das Introduções e Notas dos nossos livros Camões, grande Camões… [184 poemas de homenagem, de 111 poetas nacionais (incluindo 4 dos Açores, 3 de moçambique, 1 de goa e 1 de são tomé) e 73 estrangeiros – 53 do brasil – , em 8 línguas] e A CIRCULATURA DO QUADRADO (Alguns dos mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa)).

Porto, 2009-07-14
      

TRADUTTORE: TRADITORE



Um dos fenómenos mais desconcertantes do nosso panorama livreiro é a proliferação das traduções de poesia, geralmente em edições bilingues, o que só se tornou possível graças aos progressos tecnológicos que vieram facilitar a reprodução de qualquer alfabeto. Que importa que alguém que sabia do que estava a falar, o escritor argentino de ascendência transmontana Jorge Luis Borges, tenha afirmado que a tradução de poesia lhe fazia lembrar um tecido visto do avesso: os fios eram os mesmos, mas o aspecto completamente diferente! Num n.º quádruplo (1151 págs. dedicadas à tradução poética) da revista cultural «Nova Renascença» (1), que o embaixador José Augusto Seabra dirige, sob o patrocínio da Fundação Eng.º António de Almeida, do Porto, o ilustre professor catedrático abre logo com esta: «A velha tese da intraduzibilidade da poesia... vem sendo batida em brecha não apenas por muitos teóricos da linguagem e do texto mas, sobretudo, pelos poetas mesmos, alguns dos quais lhe contrapõem a tese simétrica de que é precisamente a poesia que melhor se presta à tradução». O mais curioso é que, logo no ensaio seguinte, o respectivo autor escreve: «Le poète et traducteur Jean-Luc Moreau observe avec pertinence que La Seine coule sous le pont Mirabeau traduit très rigoureusement le fameux vers d’Apollinaire Sous le pont Mirabeau coule la Seine... mais en lui retirant toute sa poésie» (2).

Ora acontece que, no início da década de ’90 do século passado, apareceu nas livrarias uma versão bilingue de poemas de Anna Akhmátova (3) e, ao mesmo tempo que eu adquiria a edição portuguesa, um amigo oferecia-me a edição brasileira (4), publicada um ano antes e acabada de chegar a Portugal, de poemas da mesma autora. Como ambos os tradutores de língua portuguesa tinham um conhecimento deficiente do russo, o brasileiro valeu-se de antologias bilingues em inglês, francês, italiano e espanhol; o luso teve a cumplicidade de um cidadão de origem eslava (a avaliar pelo nome), que certamente lhe forneceu a tradução literal dos poemas a trabalhar poeticamente (?). E, como uma das tentações do leitor de duas versões diferentes da mesma obra é o confronto dos textos comuns, logo no intróito do «Requiem» surgiu a minha primeira perplexidade.

Eis a tradução brasileira:

NO LUGAR DE UM PREFÁCIO


Nos anos terríveis da Iéjovshtchnia, passei dezassete meses fazendo fila diante das prisões de Leninegrado. Um dia, alguém me «reconheceu». Aí, uma mulher de lábios lívidos que, naturalmente, jamais ouvira falar em meu nome, saiu daquele torpor em que sempre ficávamos e, falando pertinho de meu ouvido (ali todas nós só falávamos sussurrando), me perguntou: - E isso, a senhora pode descrever?

E eu respondi: - Posso.

Aí, uma coisa parecida com um sorriso surgiu naquilo que, um dia, tinha sido o seu rosto».

Leninegrado, 1º/4/1957

E a versão portuguesa:

EM VEZ DE UM PREFÁCIO

Nos terríveis anos de Iezhov, passei dezassete meses nas filas de prisão em Leninegrado. Certa vez, alguém «identificou-me». Então, uma mulher de olhos azuis, que estava atrás de mim e que de certeza nunca ouvira o meu nome, saiu desse torpor próprio de todos nós naquela altura e perguntou-me ao ouvido (aí todas falavam num murmúrio): - É capaz de descrever isto?

E eu respondi: - Sou.

Então, algo parecido com um sorriso perpassou por aquilo que outrora fora o seu rosto.

1 de Abril de 1957, Leninegrado

Como se vê, os «lábios lívidos» da versão brasileira converteram-se em «olhos azuis» na versão portuguesa. Só desfiz a minha perplexidade quando chegou a Portugal uma antologia francesa da mesma autora, em edição bilingue (5), que registava «lèvres bleuies» (lábios azulados). Chegados aqui, cumpre esclarecer que a poetisa russa viu o seu ex-marido, o poeta Nikolai Gumiliov, ser fuzilado e o único rebento do casal encarcerado só por ser filho de tal pai. Apesar de o nosso clima não poder comparar-se ao de Leninegrado (60 graus de Latitude Norte), todos percebemos o que são «lábios azuis», a que o povo chama mais propriamente «lábios roxos» e os bem falantes «violáceos». Custa a crer que o Prof. Joaquim Manuel Magalhães, poeta inspirado e ensaísta arguto, tenha mudado «lábios» para «olhos» só para enlevo do colega universitário Eduardo Prado Coelho, que no seu diário (6) não se esquece de assinalar:

«Paris – 8.3.92... Pegue-se na tão comovedora e dilacerante antologia de POEMAS de Anna Akhmátova que Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev traduziram e apresentaram para a Cotovia e leia-se aquele texto introdutório em que a autora nos fala da sua prisão em Leninegrado. Conta como, um dia, uma mulher de olhos azuis, que a identificou, veio junto a ela e lhe perguntou ao ouvido: - É capaz de descrever isto? Anna respondeu: - Sim. E a mulher de olhos azuis pareceu sorrir».

Além da inexactidão do conselheiro Prado Coelho (prisão de Anna, quando ela só estava na fila para saber do filho, esse sim preso), também o texto de Joaquim Manuel Magalhães peca por aquele «zh», solução convencional do mundo anglófono para um caracter cirílico que, em português, se grafa exactamente como «j».

Mas tanto o tradutor brasileiro como o português (a avaliar pelo resultado) estão de acordo no seguinte: «Desistir da rima e, na maior parte do tempo, da metrificação rigorosa... foi uma opção que, de resto,... coincidiu com a de outros tradutores» (7). Foi preciso aguardar a chegada do casal Nina e Filipe Guerra para termos, enfim, versões directas do russo tão correctamente metrificadas e rimadas quanto possível (8). E eis como eles traduziram a introdução do «Requiem»:

À LAIA DE PREFÁCIO


Nos terríveis anos do ejovismo, passei dezassete meses nas bichas da cadeia de Leninegrado. Uma vez, até alguém me «reconheceu». Por esta altura, uma mulher de lábios azuláceos que estava atrás de mim e que, de certeza, nunca ouvira sequer pronunciar o meu nome, despertou da letargia própria de todas nós e perguntou-me ao ouvido (ali, toda a gente sussurrava): - Pode contar isto?

Respondi: - Posso.

Então, uma espécie de sorriso deslizou por aquilo que outrora fora o rosto da mulher.

Abril de 1957, Leninegrado

¤ Outro professor universitário, igualmente notável poeta e ensaísta, Fernando Pinto do Amaral, meteu ombros à tradução das «Fleurs du Mal» de Baudelaire (9). Entre os saltos que dei na cadeira durante a leitura, destaco, no poema «Bohémiens en Voyage», a tradução de «mamelles pendantes» por «mamilos pendentes», ao referir-se às ciganas. Mas que diabo serão mamilos (em francês «mamelons») pendentes? Há um poema chamado «Le Guignon» pobremente traduzido como «O Azar», quando seria muito mais expressivo «O Enguiço». O mais divertido, porém, é um intitulado «Le Crépuscule du Soir» vertido como «O Crepúsculo da Tarde» e cujo incipit é como segue: «Voici le soir charmant... (Eis a noite encantada...)». É caso para perguntar: afinal, em que ficamos? Em nota, o douto professor esclarece: «Soir surge traduzido por tarde no título, enquanto no 1.º verso é traduzida (sic) por noite. Essa diferença partiu do facto de o crepúsculo se adaptar à tarde que desaparece, enquanto no 1.º verso não faria qualquer sentido dizer Eis a tarde..., quando o que vem chegando é, na realidade, a noite». Parece-me que a ambiguidade teria sido evitada e a nota dispensável se o talentoso mestre tivesse traduzido «Crépuscule du Soir» por «Crepúsculo Vespertino».

¤ Outro caso: não sei se o leitor já tentou ler Maria Gabriela Llansol. É, na opinião dos «happy few» um prodígio da literatura portuguesa contemporânea. A quem objecta com o hermetismo da sua escrita, respondem os admiradores incondicionais que, embora em prosa, tal obra se destina aos leitores habituais de poesia e não de ficção. (Certos textos são atravessados, por vezes, pela figura de Aossê, que, segundo explica a autora, é Pessoa sem «P» lido ao contrário). Mas, enfim, talvez porque a escritora passou parte da sua vida na Bélgica, houve um editor que lhe encomendou uma tradução de Verlaine (10), que também peregrinou por essas bandas. Pois nem queiram saber... Que balde de água fria! Que memorável catástrofe! A tradutora parece não fazer a mínima ideia do que seja poesia, a avaliar pelas amostras que se seguem (sublinhei não só os dislates como todas as palavras ou expressões acrescentadas arbitrariamente, no afã de deixar tudo muito explicadinho, o que revela que nem entende o carácter elíptico da expressão poética nem tem a mínima noção de ritmo. O resultado é involuntariamente humorístico. Se Verlaine escreve «Crédule à qui te flatte», Llansol traduz «Crédulo perante quem te lambe as botas»; «quelque vice joyeux» (um vício festivo qualquer); «Dieu des humbles, sauvez cet enfant de colère!» (Deus dos humildes, salva da Cólera esta criança!); «Et vraiment, quand la mort viendra, que reste-t-il?» (Quando a morte vier, o que nos resta mais? De facto!); «À la vie, en faveur d’une mort précieuse!» (A vida, como corre a abrir, preciosa, as portas da morte. É assim!); «Ô, va prier contre l’orage, va prier» (Oh! torna-te prece para deter o furacão, vá, vai rezar! Uma vez mais); «Écoutez la chanson bien sage» (Escutai a canção evidente. De sabedoria); «Mais sachant qui sait, épouvanté / de ne plus sentir les mondes luire, / je prierai pour de l’humilité» (Mas sabendo de quem se trata, / rezarei pela humildade, / apavorado por não mais sentir os mundos. Como estou.); «Là transporté nul ne sait d’où...!» (Posto ali perto, sabe-se lá por quem...!); «Délicat et non exclusif» (Delicado, sem ser ermita); «À vos civilisations / préférera les paysages» (Aceitai que não olhe as vossas civilizações, mas só as paisagens onde morais); etc., etc, etc. (o inventário está longe de ser exaustivo). Eis Verlaine adulterado, estropiado, massacrado, num trabalho digno do cesto dos papéis! Que ideia pode ficar a fazer um leitor que não saiba francês da magia rítmica («de la musique avant toute chose») do original»? Não se trata de questões de pormenor. Senão veja-se o desastre de um poema inteiro (escolhido pela sua brevidade, pois a versão do anterior, «Gaspard Hauser chante:», ou a do seguinte são ainda muito piores):

Un grand sommeil noir
tombe sur ma vie:
dormez, tout espoir,
dormez, toute envie!

Je ne vois plus rien.
Je perds la mémoire
du mal et du bien...
Ô la triste histoire!

Je suis un berceau
qu’une main balance
au creux d’un caveau:
silence, silence!

        Um imenso sono negro
caiu a pique na minha vida:
toda a esperança, adormecei,
adormecei, desejo imenso!

À minha frente, não nada,
nem a memória
do bem e do mal que resta...
Que estória triste. Oh!

Sou um berço
que uma mão qualquer balouça
no buraco de uma cova:
silêncio, eu quero silêncio!

O poeta e tradutor brasileiro Dante Milano afirmava: «Pode traduzir-se o que um poeta quis dizer, mas nunca o que ele disse». O poeta e tradutor português Vasco Graça Moura permite-se liberdades nas traduções, como é o caso das suas versões de Rilke, que outro poeta, o Prof. Nuno Júdice, comenta assim: «o que é certo é que as suas versões são mais rilkeanas que as traduções fidelíssimas de Paulo Quintela». E Graça Moura justifica-se: «Entendo, com efeito, que o texto que o tradutor vai criando engendra as suas próprias regras em termos que transcendem a mera questão estilística...» (11). Será esse o caso de Maria Gabriela Llansol? Obviamente que não, a azelhice é mais que evidente.

¤ Para se ver como o que parece simples é complexo, pirateando meia-dúzia de traduções da «Chanson d’Automne» de Verlaine (12), o mais aproximado que consegui foi a seguinte versão ecléctica:

Les sanglots longs
des violons
de l’automne
blessent mon coeur
d’une langueur
monotone.

Tout suffocant
et blême, quand
sonne l’heure,
je me souviens
des jours anciens
et je pleure.

Et je m’en vais
au vent mauvais
qui m’emporte
deçà, delà,
pareil à la
feuille morte.

        Longos lamentos
dos violões lentos
do outono
ferem minh’alma
co’a langue calma
dum bom sono.

Já sufocando,
pálido, quando
soa a hora,
meu peito ansiado
lembra o passado
e até chora.

E vou-me enfim
(que vento ruim
me transporta),
de cá p’ra lá,
semelhante à
folha morta.

As preciosas vogais nasais dos primeiros versos devem-se a Manuel Alegre e Guilherme de Almeida. O 3º verso é obviamente comum a todas as versões. «Coração» é palavra demasiado longa, que quase todos os tradutores citados substituíram por «alma», a rimar com «calma». O achado de «langor» ou «lânguido» é, respectivamente, de Alphonsus de Guimarães e de Oliveira e Silva, mas dá sempre uma sílaba a mais. Então, lembrei-me de O MENINO DA SUA MÃE: «...fita com olhar langue...». O incrível Dicionário da Academia não regista o adjectivo, o que, aliás, acontece com muitos outros vocábulos empregues por escritores dos sécs. XIX e XX, mas a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira atesta-o no oitocentista brasileiro José de Alencar. No último verso da 1ª estrofe, os tradutores dividiram-se entre «sono», que tem poucas sílabas e «abandono», que as tem demais. Foi necessário acrescentar o adjectivo «bom» para manter o ritmo do original. Os primeiros versos da 2ª estrofe são de Pinto do Amaral. A hesitação entre «a hora soa» e «soa a hora» desfez-se ante a necessidade de rimar com «chora», no fim da estrofe. «Meu peito magoado» de Alphonsus (a preceder «lembra o passado») tem uma sílaba a mais, daí a substituição por «ansiado». Enfim, no último verso da 2ª estrofe, para manter o ritmo do original, foi preciso introduzir a preposição «até». A última estrofe resulta, praticamente, da colaboração involuntária de Manuel Alegre com Herculano de Carvalho. Como se vê, foi indispensável conjugar a inspiração e o talento de seis poetas para obter uma tradução portuguesa ritmicamente conforme o original. Nenhuma das versões que serviram de ponto de partida manteve a impecável regularidade métrica (4-4-3-4-4-3) do poema de Verlaine, à excepção da do Prof. Pinto do Amaral, embora prescindindo inteiramente da rima («ce bijou d’un sou».

António Ruivo Mouzinho

(Associado nº 6294 da UNICEPE –

- Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL)

(1)N.R., vol. XVI, n.º 60 a 63 (Inverno/Outono de 1996), pág. 13.
(2)Ibidem, pág. 19.
(1)«Poemas», trad. do russo, selecção e notas de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev, ed. Cotovia, Lx.ª (1992).
(2)«Poesia» (1912-64), sel., trad. e notas de Lauro Machado Coelho, ed. L&PM, Porto Alegre (1991).
(3)«Poèmes», éd. Radouga, Moscou, 1992 (Librairie du Globe, Paris, 1993, pág. 117).
(4)«Tudo O Que Não Escrevi», vol. II, pág. 36 (Ed. Asa, 1994).
(5)Lauro Machado Coelho, obra citada em (4), pág. 41.
(6)Anna Akhmátova, «Só o Sangue Cheira a Sangue», ed. Assírio & Alvim, Lx.ª (2000).
(7)«As Flores do Mal» (ed. bilingue), trad. e pref. de Fernando Pinto do Amaral, ed. Assírio & Alvim, Lx.ª (1992).
(8)«Sageza» (ed. bilingue), trad. de M.ª Gabriela Llansol, ed. Relógio d’Água, Lx.ª (1995), págs. 33, 39, 41, 43, 45, 77, 87, 99, 135 e 153 (por ordem das citações).
(9)Suponho que colhi estas citações no «Jornal de Letras», mas perdi-lhes o rasto.
(10)Herculano de Carvalho, «Oiro de Vário Tempo e Lugar», ed. Oiro do Dia, Porto (1981), pág. 319.
Alphonsus de Guimarães, «Obras-Primas da Poesia Universal», Livr.ª Martins Edit.ª, S. Paulo, 3.ª ed. (1957), pág. 128.
Guilherme de Almeida, «Poetas de França», C.ª Edit.ª Nacional de S. Paulo, 3.ª ed. (1958), págs. 121 a 123.
Oliveira e Silva, «Traduções ou Traições?», Gráfica Edit.ª Aurora, L.ª, Rio de Jan.º (s/d), pág. 59.
Fernando Pinto do Amaral, «Poemas Saturnianos e outros de Verlaine», ed. Assírio & Alvim, Lx.ª (1994), págs. 85 a 87.
Manuel Alegre, «Rouxinol do Mundo», Publicações D. Quixote, Lx.ª (1998), pág. 49.



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